De acordo com Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho, a democracia é um sistema que pressupõe igualdade de oportunidades, participação cidadã e liberdade de escolha. No entanto, em muitos processos eleitorais ao redor do mundo, especialmente no Brasil, o abuso de poder tem se mostrado uma constante ameaça ao pleno exercício da cidadania. Quando o poder econômico, político e dos meios de comunicação são utilizados de forma descontrolada e desigual, a própria essência das eleições é comprometida.
O poder econômico nas eleições e democracia: até onde vai sua influência?
Um dos maiores vilões do processo eleitoral é o uso desproporcional dos recursos financeiros. Candidatos com acesso a grandes fortunas ou financiadores poderosos conseguem ampliar sua visibilidade e influência de maneira desigual, criando uma competição injusta. Com verbas ilimitadas, podem investir em publicidade massiva, contratar equipes especializadas e até comprar apoios estratégicos, enquanto outros candidatos enfrentam dificuldades para serem vistos e ouvidos.
O poder econômico pode se sobrepor às propostas e à capacidade individual dos candidatos, pois quando o dinheiro determina quem aparece na mídia a qualidade do debate político tende a diminuir. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho explica que o que prevalece é o volume de recursos investidos na campanha. Isso pode levar à perpetuação de elites políticas e à exclusão de novos nomes que, por falta de suporte financeiro, não têm chance de disputar em igualdade de condições.
O poder político: como ele interfere no jogo eleitoral?
Outro tipo de abuso está relacionado ao uso das estruturas estatais em benefício próprio durante as campanhas eleitorais. Muitos agentes públicos aproveitam seu cargo para angariar votos, seja distribuindo benefícios de forma clientelista, seja usando servidores e recursos públicos em atividades de promoção pessoal. Essa prática, conhecida como “boca de urna” ou “caixa dois”, viola o princípio da impessoalidade da administração pública e corrompe a legitimidade do pleito.
Esse uso indevido do poder político também se manifesta através de decisões governamentais tomadas pouco antes das eleições, com o claro objetivo de melhorar a imagem do candidato incumbente. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho ressalta que medidas populistas e anúncios de obras sem planejamento são frequentemente usados como moeda de troca por votos. Dessa forma, o Estado acaba se tornando instrumento de promoção pessoal.

Como os meios de comunicação moldam o comportamento eleitoral?
Os veículos de comunicação, especialmente os tradicionais, possuem um papel fundamental na formação da opinião pública. No entanto, quando há um viés editorial favorável a certos candidatos, esse poder informativo se transforma em ferramenta de manipulação. Partidos com maior conexão ou capacidade de pagamento ganham mais tempo de exposição, enquanto outros ficam praticamente invisíveis. Essa assimetria na cobertura afeta o direito do eleitor de obter informações equilibradas e diversas.
Ademais, a propaganda eleitoral paga, sobretudo nos canais de televisão, costuma ser dominada pelos concorrentes mais ricos, reforçando novamente a desigualdade de condições. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho expõe que notícias sensacionalistas ou posicionamentos tendenciosos podem impactar negativamente na percepção do público sobre determinado candidato. Assim, os meios de comunicação deixam de ser observadores e passam a interferir ativamente no resultado das eleições.
Democratizando a democracia
Para que as eleições representem a vontade popular, é essencial combater todos os tipos de abuso de poder. Isso exige fiscalização rigorosa, transparência total no uso de recursos públicos e privados, além de uma regulação eficiente dos meios de comunicação. Só assim será possível garantir que todos os candidatos tenham chances iguais de concorrer e que os eleitores possam decidir com liberdade e consciência. A luta contra o abuso de poder nas eleições é, antes de tudo, uma defesa intransigente da própria democracia.
Autor: Duben Wranph