Empresários escolhem Portugal, mas enfrentam barreiras no atendimento do Estado

Duben Wranph
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Nos últimos anos, muitos empreendedores têm voltado os olhos para a Europa em busca de estabilidade, e um dos destinos que mais se destaca neste contexto é Portugal. Com uma localização geográfica privilegiada, clima ameno, segurança nas cidades e uma qualidade de vida elevada, o país tornou-se uma opção atractiva para quem pretende estabelecer novos negócios ou transferir operações. A crescente presença de profissionais qualificados e a abertura do mercado a estrangeiros reforçam esta escolha.

Apesar do ambiente receptivo ao investimento, quem chega a território português em busca de crescimento económico depara-se com obstáculos relevantes. Um dos pontos mais frequentemente referidos por empresários recém-chegados prende-se com o funcionamento dos serviços públicos, sobretudo no que diz respeito à morosidade nas respostas e na tramitação de processos. Mesmo iniciativas simples podem levar semanas, ou até meses, a ser concluídas, gerando incerteza e afectando directamente o ritmo dos negócios.

A burocracia continua a ser um dos factores mais desafiantes para quem decide empreender fora do seu país de origem. Em Portugal, a situação não é diferente. Processos como a abertura de empresas, a obtenção de licenças, registos ou até pequenas alterações contratuais podem encontrar entraves significativos. A exigência de documentos, autenticações e prazos pouco claros dificulta o planeamento e a execução de acções, especialmente em sectores que exigem rapidez e adaptação constante.

Muitos empresários relatam que, mesmo com apoio de consultores especializados, continuam a enfrentar dificuldades em adaptar-se aos modelos locais de atendimento e tramitação. A lentidão na resposta a e-mails institucionais, a dificuldade em marcar atendimentos presenciais e a escassez de informação actualizada nos canais oficiais agravam a sensação de desorientação. Estes atrasos acabam por comprometer iniciativas que, noutros países, são concluídas com maior celeridade.

A falta de digitalização em determinadas áreas da Administração Pública também contribui para um cenário menos favorável. Embora Portugal tenha investido na modernização dos seus serviços nos últimos anos, vários organismos ainda operam com sistemas ultrapassados e exigem presença física para entrega ou recolha de documentos. Esta realidade contrasta com o discurso de apoio à inovação, frustrando empresários que esperavam encontrar um ecossistema mais eficiente e tecnologicamente evoluído.

Outro ponto crítico prende-se com a comunicação entre os diferentes níveis da Administração. Com frequência, um mesmo procedimento depende da intervenção de várias entidades, e a ausência de articulação entre estas resulta em retrabalho e confusão. A descentralização da informação e a falta de critérios uniformes exigem dos empresários resiliência e persistência para avançar com os seus projectos em solo português.

Apesar das dificuldades, muitos empresários mantêm uma visão optimista sobre o potencial de Portugal enquanto destino estratégico. A ligação com os mercados europeus, a estabilidade económica e a hospitalidade da população são características valorizadas por quem procura crescimento sustentável. No entanto, é ponto assente que o país necessita de acelerar reformas administrativas e modernizar os seus sistemas, sob pena de perder competitividade face a outros destinos.

É fundamental que o Estado português reconheça estas limitações e invista numa melhoria concreta da experiência de quem deseja contribuir para a economia nacional. Reduzir a burocracia, tornar os processos mais claros e oferecer um atendimento célere são medidas essenciais para transformar intenções em resultados práticos. Até que isso se concretize, os empresários continuam a equilibrar o entusiasmo pelas oportunidades com a frustração face aos obstáculos do quotidiano.

Autor : Duben Wranph

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